quarta-feira, 27 de julho de 2011

HI-FI # 4 - Lado A - Lado B



HI-FI # 4 - A vida é uma eterna turnê



O tempo não estava firme. O céu abria e fechava. Chovia e parava. Contava não só com sua carona, mas também com sua paciência. Superexposição: se havia alguma coisa de azul, este se tornou branco. Liberdade para fundir imagens, como em um vai-e-vem, Takeoff and Landing. O rádio da torre de controle que ouço da janela confirma: Check. A vida é uma eterna turnê.



HI-FI # 3 - Lado A - Lado B


HI-FI # 3 - Linha Fina




A água já está em uma altura de quase-mergulho. O importante é que você também estava ali. Depois de a maré baixar é que veio a percepção de que ali haveria sim mais uma canção. O azul parecia ser o mesmo, sempre o mesmo, entre o mar e o céu só existia uma linha fina.




HI-FI # 2 - Lado A - Lado B


HI-FI # 2 - Her Many Moods - Vol. 2




Aproveita o embalo e vem conhecer o terraço. É meio perigoso, mas quem sabe um dia a gente ainda não faz uma festa. E esse painel, que poderia bloquear a vista, na verdade é a nova paisagem. Vamos de novo: sugestões de movimento, dessa vez ao ar livre. Ainda tenho uma chapa. Vou fazer também o seu retrato.



HI-FI # 1 - Lado A - Lado B

HI-FI # 1 - Her Many Moods - Vol. 1

Não sei bem porque, mas tinha imaginado que seria ela. Ainda bem que prontamente atendeu meu pedido, mesmo sem ter muita idéia do que iria ter que fazer. Mostrei uns esboços: “Essa aí sou eu?” e algumas referências. Outras capas, sugestões de movimento. Vamos pro “set” e ver com saímos. O importante é estar disposto a experimentar.


terça-feira, 26 de julho de 2011

Canções que não fizeram pra mim*

Biografias, histórias de bastidores, relatos sobre o que existe por trás do resultado de cada imagem, ou de cada música, sempre foi do meu estudo de interesse. Como na série Contacts - Portraits of Contemporary Photographers, em que fotógrafos apresentam o material bruto de sua produção e explicam o porquê de suas escolhas. É uma generosidade poder compartilhar aquilo que teoricamente não deveria ser mostrado, mas que faz total sentido para o conjunto da obra. Assim como um rockumentary, que apresenta a produção de um álbum, “faixa a faixa”, com bastidores e detalhes que acabam se tornando fundamentais para a compreensão do todo enquanto “obra”.

É justamente esse o comentário aqui proposto, integrado com a própria apresentação dos trabalhos da série HI-FI, consciente de que possa interessar somente aos diretamente envolvidos. Mas esperando também pela atenção daqueles que se sentirem instigados a imaginar um som a partir das imagens apresentadas.

A produção das fotografias em si, pode ser divida em duas etapas, como nos lado A e B do vinil. No Lado A, já havia um pensamento mais delineado, acrescido de algumas sugestões de títulos em mente. A meta era produzir a partir de anotações pré-existentes, ainda que bem abertas, para depois me debruçar sobre a relação imagem-texto, que resultariam em fotografias-objeto, formados pelo objeto LP com as imagens e os títulos das canções dos meus álbuns imaginários. Inicialmente a experiência é visual e tátil. A audição seria apenas sugerida, tornando-se imaginativa.

Já no Lado B, o trabalho se expande de maneira mais participativa, como a potência de um grande coral. Um trabalho pensado a partir da esfera das relações humanas, como Nicolas Bourriaud aponta nos ensaios da sua Estética Relacional. Convidei amigos, principalmente artistas, a colaborarem com o projeto de maneira a pensarem juntos na criação das imagens, a partir de seu resultado final: “Imagine que o que fizermos aqui irá se transformar em uma capa de LP”.

Com a escolha da imagem, a pergunta passa a ser “Que som poderia ser atribuído àquela imagem, ou que música poderia ser pensada a partir daquela imagem?”. Não existe qualquer versão oficial ou definitiva. Apresento aqui um livre manifesto sobre a criação dessas canções que não fizeram pra mim, pois eu tive que imaginá-las. Agora convido a todos a fazerem o mesmo.

*Titulo de uma música da finada banda carioca Discoteque, escrita por Bil, que remete à música “As canções que você fez pra mim”, de Roberto e Eramos Carlos.